Resina composta na odontologia: o que é, tipos e como escolher
O dia-a-dia na odontologia é marcado pelo uso da resina composta! Afinal, o que está mais presente na rotina de um cirurgião-dentista são as restaurações dentárias, sejam elas feitas por conta de fraturas nos dentes, manchas na superfície dentária, desgastes no esmalte dentário ou, então, por causa da doença da cárie.
A resina composta é um material odontológico fundamental na prática clínica e é indispensável na rotina, pois, além de ser responsável por restaurar grandes cavidades causadas pelas bactérias da cárie, é extremamente resistente.
Além disso, o material também pode mudar seu formato para a forma que o cirurgião-dentista desejar e pode reduzir todos os defeitos presentes no dente.
A odontologia restauradora se renova a cada dia que passa, e a resina composta é considerada como uma evolução dentro dessa vasta área. Sua importância é tanta que, em muitos editais de concurso, é necessário conhecer suas principais características e indicações para fazer uma boa prova.
Interessado em aprender mais sobre a resina composta e como escolher o tipo ideal para a sua prática clínica? Vem com a gente e saiba tudo sobre esse material odontológico inovador!
O que é resina composta?
Presente na prática clínica desde 1950 e, atualmente, muito utilizada como um substituta do amálgama na área da dentística restauradora, a resina composta é um material odontológico muito indicado para se realizar restaurações tanto diretas quanto indiretas.
Ela devolve forma e função de forma semelhante à estrutura original e, por isso, é utilizada tanto em dentes anteriores como nos posteriores.
Ainda assim, por mais que tenha uma excelente resistência e que apresente características bem semelhantes aos tecidos dentários, tanto estética como mecanicamente, a resina composta pode se degradar com os anos e deve ser avaliada periodicamente pelo cirurgião-dentista.
A resina composta apresenta três tipos diferentes de propriedades, responsáveis por dar suas principais características clínicas. São elas:
- Propriedades físicas: a resina composta apresenta radiopacidade quando presente em radiografias, alta solubilidade, interage com a água, estabilidade de cor e contração na polimerização;
- Propriedades mecânicas: é resistente e apresenta um alto módulo de elasticidade;
- Propriedades óticas: material opaco, translúcido, fluorescência e opalescência.
Resistente, estética e multifuncional. Essas são três características que tornam a resina composta a queridinha dos cirurgiões-dentistas especialistas em dentística! Seu uso é bastante indicado para restaurações diretas ou indiretas, facetas — como selantes de fissuras ou de sulcos — e para núcleo de preenchimento.
Tipos de resina composta
As características e as vantagens da resina composta não estão presentes no material dentário por acaso! Isso se deve à sua composição, formada por três partes extremamente importantes para o resultado do produto.
O material é um conjunto constituído pela matriz orgânica (porção biológica e amorfa da resina), pela carga inorgânica (partículas adicionadas para garantir características ao produto e por iniciarem as reações químicas) e pelo agente de união (responsável por unir as duas porções).
Matriz orgânica
A matriz orgânica é uma porção da resina composta formada por diferentes monômeros que, ao se unirem, formam polímeros responsáveis por garantir a rigidez, resistência e estabilidade do material odontológico. Esses monômeros são, em grande parte, o BIS-GMA (bisfenol-A glicidil metacrilato) presentes com pequenas porções de UDMA, BIS-EMA e TEGDMA.
Em alguns tipos de resina composta, outros materiais são adicionados em sua matriz orgânica para dar características adicionais, como por exemplo: modificadores de cor para dar pigmentos diferentes ao dente restaurado, ativadores para otimizar a polimerização da resina composta e inibidores de polimerização para garantir melhor tempo de trabalho com ele na rotina clínica.
Carga inorgânica
Já a carga inorgânica de uma resina composta é formada por diferentes partículas inorgânicas — em especial o vidro, quartzo ou a sílica — para garantir certas características ao material, como: controlar sua viscosidade, aumentar sua rigidez superficial, garantir resistência à tração e à compressão, reduzir a expansão térmica e a absorção de água em boca.
Nesse sentido, tanto o tamanho como a quantidade de partículas inorgânicas são responsáveis por garantir diferentes classificações ao produto.
Agente de união
Já que a resina composta é somada aos benefícios das cargas inorgânicas e da matriz orgânica, duas porções compostas por materiais de diferentes naturezas, é necessário que haja uma ponte entre elas, não é mesmo?
É justamente com esse papel que entra o agente de união: para unir as duas partes entre si. Geralmente, se utiliza o Silano para cumprir esse objetivo.
Aplicações das resinas compostas
A resina composta é um verdadeiro trunfo na odontologia moderna! Ela, sem sombra de dúvidas, é o material mais utilizado dentro da prática clínica e pode ser aplicada em diversas situações em seus mais variados tipos.
Em geral, a resina composta é utilizada dentro da dentística restauradora:
- em procedimentos como restaurações diretas ou indiretas;
- núcleos de preenchimento;
- para forrar cavidades profundas, como selante de sulcos e fissuras;
- para coroas totais;
- restaurações provisórias;
- cimentos para aparelhos ou próteses;
Além disso, pode ser usada no tratamento de canal ou, até mesmo, para reanatomização dentária e fechamento de diastemas.
Vantagens das resinas compostas
No geral, essas aplicações sempre estão relacionadas com as vantagens da resina composta! Esse material apresenta grandes aplicabilidades, tanto físicas como, também, funcionais e estéticas.
É um material bastante resistente, não se degrada facilmente com o passar dos anos (depende muito da manipulação e da experiência do cirurgião-dentista), apresenta alta durabilidade, é estética e bem semelhante com a estrutura do dente e tem uma boa estabilidade em sua cor.
Desvantagens das resinas compostas
Porém, infelizmente, nem tudo é perfeito! E assim como qualquer material odontológico, a resina composta também apresenta algumas desvantagens.
Como principais desvantagens da resina composta, podemos citar: sua contração em polimerização, sua baixa resistência contra o estresse mecânico (como o desgaste causado pelo bruxismo) e sua interação com a água.
Classificação de resinas compostas
Há diferentes tipos de resina compostas disponíveis dentro do mercado, e cada uma delas desempenha determinadas funções e apresenta certas indicações clínicas. O cirurgião-dentista deve saber as características de cada uma e selecionar com o objetivo de conseguir o melhor resultado estético e funcional possível para o paciente.
No geral, há duas características principais responsáveis por classificar o material: a viscosidade e o tamanho das partículas.
Pela viscosidade
A primeira forma que temos de classificar uma resina composta é através de sua viscosidade, que se relaciona diretamente com a capacidade de escoamento do material. Essa característica está relacionada diretamente com a quantidade de carga inorgânica, pois quanto mais fluido o material é, menos ele tem de carga.
Há três tipos diferentes disponíveis no mercado. Primeiro, temos as resinas flow, com pouca viscosidade, maior contração na polimerização e menor resistência. Além dela, temos as resinas convencionais, mais utilizadas no dia-a-dia e com características padrão. Por fim, temos as resinas condensáveis, com maior aderência e rigidez, porém alta rugosidade superficial e dificuldade na hora do acabamento.
Pelo tamanho das partículas
Também podemos classificar a resina composta através do tamanho de suas partículas, característica essa responsável por lhe conferir lisura superficial, resistência e definir como será o polimento da restauração. Aqui, também temos quatro tipos diferentes de resina composta, são eles:
As resinas microparticuladas, em que o tamanho é bem pequeno e apresentam maior lisura superficial — porém menor resistência quando em compressão. Temos também as macropartículas, que já estão em desuso pela estética, afinal, apresentavam baixa resistência, superfícies ásperas, instabilidade em sua cor e desintegração bem rápida.
No meio termo entre as duas, temos as resinas híbridas — que apresentam uma alta resistência e lisura superficial — e, enfim, as nanoparticuladas, com grande lisura e resistência.
Alguns autores e professores determinam uma terceira classificação da resina composta, de acordo com a sua ativação: quimicamente ativadas (quando são autopolimerizáveis, composta por duas pastas diferentes) e fotopolimerizáveis (a convencional, com iniciador de canforoquinona e ativada por luz azul).
Propriedades óticas da resina composta
Por ser muito utilizada dentro da odontologia restauradora, precisamos observar certos fatores responsáveis pela estética da resina composta.
Em uma restauração, além de devolver funcionalidade ao dente, é muito importante devolver também sua estética e fazer com que ele se pareça com o que era anteriormente. Por isso, temos três importantes propriedades óticas que devem ser observadas: matiz, croma e valor.
A matiz é a grande responsável por diferenciar as diversas tonalidades de cores da resina composta. Ela apresenta 4 grupos que variam de A até D: Matiz A (tons mais comuns, variando do amarelo ao amarronzado), B (amarelado, levemente amarronzado), C (acinzentado, detalhes amarronzados) e D (rosa, levemente avermelhado e tons de marrom).
Já o valor, é a característica óptica que determina a luz que está presente na cor, que faz com que nos diferenciamos se ele é claro ou se é escuro. Ele é considerado alto quando está bem pigmentado em branco e sua escala varia do 1 ao 5.
Por fim, o croma está relacionado diretamente à saturação e a intensidade presente na cor da matiz. Ou seja, é quando a cor é considerada forte ou fraca.
Como escolher cor da resina composta?
Uma tarefa bastante complicada dentro da odontologia estética é a escolha de cor de uma resina composta! Por mais que tenhamos diferentes escalas disponíveis no mercado para nos basear, elas não dão certeza do resultado e apenas complementam as nossas opções.
Uma dica para escolher a cor da resina composta é nos atentar à coloração da dentina e utilizarmos como comparativo. Outra sugestão é prestar atenção na escala da marca do produto para escolher.
Por fim, em prática clínica, podemos também colocar pequenos incrementos da resina composta na superfície dentária seca e ver qual se assemelha mais com a estrutura — sem condicionamento ácido nem aplicação de adesivo, para que esse incremento saia com facilidade e a restauração possa ser feita.